Por Mutualidade da Moita

varicela é uma das doenças mais comuns na infância afetando maioritariamente crianças até aos 12 anos. Contudo, pode também afectar adultos, em qualquer idade, caso ainda não tenham sido contagiados ou vacinados.

É uma doença de tal modo contagiosa que mais de 90% das pessoas que não a tenham tido são infetadas quando contatam com o vírus.

Trata-se de uma infeção viral causada pelo vírus Varicella zoster.

Esta infeção é mais comum no final do Inverno e no início da Primavera e contrai-se através do contacto direto com a pele infetada ou com partículas de saliva libertadas na tosse ou nos espirros de um doente.

A facilidade do contágio é acentuada pelo facto de uma pessoa poder infecta outra ainda antes de os sintomas da varicela nela se manifestarem.

Geralmente a evolução é benigna e autolimitada, mas nos bebés, nos adultos, nas grávidas e em pessoas com algum défice no sistema imunitário há maior risco de complicações.

Como se manifesta a Varicela?

O período de incubação pode ir até aos 21 dias.

O vírus pode ser transmitido pelas secreções respiratórias, por disseminação através do ar quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala ou por contacto com o líquido das lesões cutâneas, quando estas se rompem.

Outro modo de transmissão do vírus é a via transplacentária que pode levar à infeção do feto.

A varicela faz-se anunciar por febre ligeira, dores de cabeça, falta de apetite e mal-estar geral. Por vezes pode existir dores de estômago.

Os sintomas mais típicos de varicela são a presença de pequenas bolhas cheias de líquido na pele, sobretudo no tronco, mas que podem também surgir no rosto, no couro cabeludo e nos genitais ou até espalhar-se por todo o corpo.

Antes do aparecimentos das bolhas, a varicela pode manifestar-se pela presença de manchas rosadas, planas e superficiais que, numa segunda fase, se vão transformando até se formarem bolhas de paredes muito finas que contêm um líquido transparente – vesículas.

Essas bolhas acabam por se romper, deixando pequenas lesões na pele que vão secando, até que se forma uma crosta que também irá desaparecer, de um modo geral sem deixar marcas.

Estas diversas fases da varicela podem estar presentes em simultâneo num mesmo corpo, enquanto umas secam, outras irrompem, num ciclo que pode durar uma a duas semanas.

Nalguns casos, a varicela manifesta-se de uma forma ligeira, formando-se poucas bolhas. Noutros casos, as bolhas irrompem às centenas.

Por vezes, as bolhas surgem em locais como o céu-da-boca ou o interior do recto e da vagina, causando grande incómodo.

O prurido (comichão) causado pelas bolhas é muito acentuado e pode causar lesões da pele e/ou infeção bacteriana. Como tal, é muito importante manter as unhas das crianças curtas e limpas de modo a minimizar o traumatismo para a pele e os riscos de infeção.

Embora a varicela seja uma doença benigna, podem ocorrer complicações, como a pneumonia, encefalite (inflamação do cérebro), celulite ou choque tóxico.

Pode ainda desenvolver-se zona, doença igualmente causa por este vírus.

Importa saber que, embora cada pessoa tenha um único episódio de varicela, o vírus permanece latente nas células nervosas. Quando é reativado, em condições de doença, stress, exposição ao sol, uso de medicamento, emerge, sob a forma de uma nova doença, chamada zona. A zona ocorre em cerca de 10% dos adultos que tiveram varicela na infância.

Embora na infância, como se referiu, a varicela seja geralmente benigna, ela tende a ser mais grave quando adquirida na idade adulta, sobretudo, em doentes com as suas defesas diminuídas por outras doenças ou pelo uso de alguns medicamentos como os corticoides.

De facto, os adolescentes e os adultos são mais susceptíveis a complicações graves, com um aumento vinte vezes superior na mortalidade entre os 15 e os 44 anos.

As grávidas são um grupo particular de risco. De facto, se a mulher não teve varicela na sua infância e a contrair durante a gravidez, sobretudo nas primeiras semanas, o feto pode nascer com anomalias congénitas. Se a doença for contraída na semana que antecede o parto, existe o risco de o bebé nascer com uma infecção que pode ser fatal.

Pelo contrário, se a mãe tiver varicela antes de engravidar, o feto recebe anticorpos através da placenta ou durante a amamentação, o que reduz a probabilidade de contrair a doença ou, caso ela surja, seja numa forma muito ligeira.

Assim, é muito importante para a mulher que deseje engravidar ou já esteja grávida e que ainda não teve varicela estar a par destes factos.

Como se trata a Varicela?

O tratamento da varicela passa, essencialmente, pelo controlo e alívio dos sintomas, basta deixar a doença seguir o seu curso adotando alguns cuidados:

  • O prurido pode ser aliviado mediante o recurso a banhos de água morna, podendo adicionar à água produtos contendo aveia, e/ou pela utilização de loções à base de calamina sobre as áreas afetadas. No rosto, há que ter o máximo dos cuidados para não haver contacto com os olhos;
  • Aplicar toalhas humedecidas sobre as vesículas;
  • Usar roupas de algodão, confortáveis e mais largas;
  • No caso de haver vesículas na cavidade bucal, optar por alimentos moles ou líquidos e frios, evitando alimentos ácidos e/ou salgados;
  • A febre e as dores podem ser controladas mediante o recurso a analgésicos, sendo importante não utilizar aspirina nas crianças com menos de 12 anos, dado o risco de ocorrência de síndrome de Reye;
  • Se necessário, poderão ser utilizados medicamentos anti-histamínicos para controlar o prurido e, nos casos maios graves, antivirais;
  • Manter as unhas cortadas e as mãos limpas, para limitar o risco de infeção ao coçar-se;
  • O repouso é igualmente útil.

Como se previne a Varicela?

A varicela é altamente contagiosa, disseminando-se facilmente entre irmãos ou entre colegas de escola. Uma pessoa infectada pode contagiar outras mesmo antes de se desenvolverem os primeiros sintomas. Isto porque a transmissão do vírus ocorre entre 1 a 2 dias antes de surgirem as lesões na pele até que todas as lesões estejam em crosta (o que, geralmente, demora entre 5 a 7 dias).

Considerando que trata de uma doença contagiosa, é essencial o isolamento da criança infectada com varicela até que as bolhas sequem por completo.

A vacina, embora não garanta 100% de protecção, permite que, mesmo que ocorra varicela, ela seja muito mais ligeira.

Esta vacina não faz parte do Plano Nacional de Vacinação, mas está disponível nas farmácias.

Ela pode ser administrada a partir dos 12 meses, caso em que é necessária apenas uma dose. A partir dos 13 anos, são injectadas duas doses, com um intervalo de seis a dez semanas entre elas.

Esta vacina não pode ser administrada a imunodeprimidos, grávidas, menores de 1 ano ou a indivíduos submetidos a terapêutica com salicilatos. Não devem ser prescritos salicilatos até 6 semanas após a vacinação.

  • Regra geral, pode ser indicada para grupos de risco:
  • Indivíduos não imunes em ocupações de alto risco;
  • Mulheres não imunes antes da gravidez;
  • Pais de crianças jovens, não imunizados;
  • Adultos ou crianças que contactam habitualmente com doentes imunodeprimidos.

Tal como qualquer outra, a vacina contra a varicela pode causar alguns efeitos secundários no local da administração, como vermelhidão, e febre.

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