Uma boa gestão da rinite alérgica é fundamental para manter a doença controlada, reduzir os sintomas e manter a qualidade de vida.

A rinite alérgica é uma doença inflamatória crónica da mucosa nasal. Na origem da rinite alérgica está a exposição a determinados estímulos (alergénios), aos quais o sistema imunológico reage, ocorrendo inflamação. Sabe-se que existe uma predisposição genética que influencia a presença desta condição médica.

Sinais e sintomas de rinite alérgica

Na sequência do contacto com determinados alergénios, podem ocorrer:
* Espirros
* Nariz entupido
* Comichão no nariz
* Corrimento ou pingo no nariz

Causas da rinite alérgica

Os principais alergénios responsáveis pela rinite são:

* Ácaros do pó da casa
* Pólenes (cujas concentrações no ar aumentam na primavera)
* Pelos de animais
* Fungos
* Poeira

Problemas associados à rinite alérgica

* Asma (as pessoas com rinite têm um risco quatro vezes maior de sofrerem de asma)
* Rinoconjuntivite
* Rinossinusite
* Otite
* Problemas de sono
* Interferência nas atividades de vida diárias e diminuição da qualidade de vida

Como gerir a doença

A melhor atitude no que diz respeito a alergias é a prevenção. A gestão da rinite alérgica é fundamental para o controlo da doença, assentando numa aliança que se estabelece, desde o início, entre o doente e o médico especialista.

> Cabe ao médico:
- Estabelecer um diagnóstico assente na história clínica e em exames (como testes cutâneos e análises ao sangue)
- Determinar os alergénios responsáveis (cada caso é um caso)
- Prescrever o tratamento adequado para a rinite alérgica (a terapêutica pode incluir fármacos anti-histamínicos, anti-inflamatórios e outros, orais ou tópicos, e ainda vacinas antialérgicas ou imunoterapia, quando se justifiquem)
- Avaliar o grau de controlo da doença ao longo do tempo, designadamente através da monitorização da eficácia da terapêutica

> Cabe ao doente:
- Procurar o médico e expor os sinais e sintomas, a fim de se estabelecer um correto diagnóstico e tratamento
- Cumprir a terapêutica estabelecida
- Tomar corretamente a medicação, mesmo que não tenha sintomas
- Colaborar ativamente na avaliação do controlo da doença

Tratamento


* Sprays nasais com corticosteroides
* Anti-histamínicos
* Descongestionantes
* Colírio
* Imunoterapia com alérgenos

Sintomas nasais

Um spray nasal com corticosteróide é geralmente bastante eficaz e usado em primeira análise. A maioria destes sprays têm poucos efeitos colaterais, embora possam provocar sangramento nasal e dor no nariz.

É possível usar um anti-histamínico, por via oral ou como spray nasal em vez de ou conjuntamente com um spray nasal com corticosteróide.

Muitas combinações de descongestionantes com anti-histamínicos encontram-se disponíveis, sem prescrição, como dose única. No entanto, as pessoas com hipertensão não devem tomar descongestionantes, a menos que o médico os recomende e vigie o seu uso. Além disso, pessoas que tomam inibidores da monoaminoxidase (um tipo de antidepressivo), não podem tomar um produto que combine um anti-histamínico com um descongestionante.

Também há descongestionantes disponíveis sem prescrição, na forma de gotas ou sprays nasais. Estes não devem ser usados por mais de alguns dias de cada vez, pois o seu uso contínuo pode piorar ou prolongar a congestão nasal resultando em congestão crónica.

Os anti-histamínicos podem ter outros efeitos colaterais, especialmente efeitos anticolinérgicos. Estes efeitos incluem sonolência, boca seca, visão turva, dificuldade na micção, confusão e tonturas.

Os efeitos colaterais tendem a diminuir e a ser menos severos com sprays nasais do que com fármacos orais.

O Montelucaste, um modificador dos leucotrienos disponível com prescrição, reduz a inflamação e ajuda a aliviar os sintomas.

A limpeza regular das fossas nasais com água do mar e soro fisiológico pode ajudar a soltar e lavar o muco e a hidratar o revestimento nasal.

Quando estes tratamentos são ineficazes, pode-se administrar um corticosteróide por via oral.

Sintomas oculares

A limpeza dos olhos com soluções oculares simples (como as lágrimas artificiais) pode ajudar a reduzir a irritação. Deve ser evitada qualquer substância que possa estar na origem da reacção alérgica. Durante os episódios de conjuntivite não devem ser utilizadas lentes de contacto. Colírios que contêm anti-histamínicos e um fármaco que causa a contracção dos vasos sanguíneos (um vasoconstritor) são muitas vezes eficazes. Estes colírios estão disponíveis sem prescrição.

Se os sintomas forem muito graves, podem ser utilizados colírios que contenham corticosteroides, disponíveis com prescrição.

Imunoterapia com alergénios (dessensibilização)

Pode ser benéfica quando outros tratamentos são ineficazes.

A imunoterapia é necessária nas seguintes situações:
* Quando os sintomas são graves
* Quando o alergénio não pode ser evitado
* Quando os fármacos normalmente usados para tratar a rinite alérgica ou a conjuntivite não controlam os sintomas
* Em caso de surgimento de asma

A imunoterapia alergénica para a febre do feno deve ser iniciada após a estação do pólen a fim de preparar a pessoa para a estação seguinte.

Recomendações úteis

Para controlar a rinite alérgica, eis alguns conselhos práticos:
* Mantenha uma boa higiene das fossas nasais, limpando-as regularmente com soro fisiológico ou água do mar
* Evite a exposição aos alergénios responsáveis, bem como ao fumo, a perfumes e a produtos com cheiro intenso

Se é alérgico aos ácaros do pó:
* Ventile e areje bem a casa, sobretudo o quarto
* Evite tapetes, alcatifas, peluches, livros e tudo o que acumule pó
* Aspire bem o chão e o colchão
* Lave semanalmente os lençóis a temperaturas elevadas (+60°C)

Se é alérgico aos pólenes:
* Na primavera, consulte os boletins polínicos
* Evite atividades ao ar livre quando as concentrações de pólenes forem mais elevadas
* Use óculos de sol ao ar livre

Prevalência
Cerca de 22% da população portuguesa tem rinite alérgica.

Fontes:
- Manuais MSD edição para profissionais;
- www.saudecuf.pt;