Duração do tratamento com insulina

No caso da Diabetes mellitus tipo 1, mais frequente nos jovens e adolescentes, o organismo deixa completamente de produzir insulina, por isso a administração de insulina é essencial e nunca deve ser interrompida.

Noutros casos, o tratamento com insulina pode ser transitório, por exemplo durante a gravidez e em situação de internamento hospitalar.

No caso do médico assistente considerar que é importante iniciar o tratamento com insulina, para melhorar a compensação da diabetes e prevenir as complicações, isso será uma mais-valia para a saúde.

O principal objetivo do tratamento da pessoa com Diabetes é conseguir um ótimo controlo metabólico, para que possa ter uma vida com qualidade, evitando ou atrasando as complicações crónicas da Diabetes.

No início, a Diabetes tipo 2 pode ser controlada com alimentação saudável e equilibrada, exercício físico e medicamentos orais (comprimidos). Com o decorrer dos anos e consequente evolução da doença muitas pessoas vão perdendo a capacidade de produzir insulina, sendo necessário recorrer à insulinoterapia. Este tratamento, tanto a nível transitório como definitivo, tem vindo a adquirir um papel cada vez mais importante no tratamento da Diabetes tipo 2.

Em algumas situações menos frequentes, em que a Diabetes tipo 2 é diagnosticada numa fase mais tardia e avançada, pode ser necessário iniciar tratamento (pelo menos, transitoriamente) com insulina.

Administração da insulina

É natural que o uso de insulina deixe o diabético um pouco apreensivo, porém, atualmente, o processo de administração de insulina é cada vez mais fácil e cómodo, através da utilização de dispositivos próprios designados de "canetas", pois assemelham-se a estes dispositivos quer em aparência, quer em simplicidade de utilização.

Estas canetas usam agulhas especiais muito finas e com um revestimento especial para serem praticamente indolores, o que facilita a adaptação da pessoa a este tratamento.

A administração correta é o primeiro passo para garantir um tratamento eficaz

· Lavar e secar bem as mãos.
· Agitar a caneta de insulina, no caso de a insulina não ser transparente.
· Marcar a dose cuidadosamente.
· Retirar a tampa da caneta e da agulha.
· Fazer uma prega na pele.
· Introduzir a agulha na pele com ângulo de 90º (perpendicular à pele).
· Pressionar o botão da caneta até chegar a 0 (zero) no marcador da dose, para injetar a insulina na pele.
· Aguardar cerca de 10 segundos (contar até 10 devagar) com a agulha introduzida na pele.
· Retirar a agulha da pele cuidadosamente.
· Tapar a agulha e a caneta.


A insulina é habitualmente administrada por injeção subcutânea, isto é, no tecido adiposo (gordura) debaixo da pele e não no músculo. Por isso, é muito importante adequar o tamanho da agulha à estrutura da pele de cada pessoa.

Em alternativa a insulina pode ser administrada com uma seringa própria (seringa de insulina), que vem graduada em Unidades de Insulina. Para uso da seringa há que puxar o êmbolo da seringa para a marca do número de unidades e injetar na pele como se se tratasse de uma caneta.

Locais de administração

Os locais onde a insulina pode ser administrada são o abdómen, coxas, nádegas e braços. De um modo geral, o abdómen é mais recomendado para fazer insulinas de ação rápida, e as coxas e nádegas para administrar insulinas de ação intermédia ou lenta.

A boa rotação dos locais de administração é essencial para garantir que a insulina tenha sempre uma ação semelhante.

Em cada zona corporal, não é correcto repetir o mesmo local em intervalos inferiores a 14 dias.

Por vezes podem aparecer nódulos na pele o que pode estar associado a uma administração menos correcta de insulina nomeadamente devido a uma insuficiente rotação dos locais de injeção (dentro da mesma zona corporal deve-se deixar 3 cm de distância da picada anterior), ou devido à troca pouco frequente da agulha (a agulha deve ser trocada a cada administração).

Duração do tratamento com insulina

O principal efeito secundário da insulina é a hipoglicemia ou a descida excessiva do valor de açúcar (glicemia) no sangue.

No caso de a quantidade de insulina administrada ser superior às necessidades da pessoa, ou no caso de passar mais tempo sem comer ou não ingerir hidratos de carbono de absorção lenta, ou fazer exercício físico não programado, ou administrar a insulina na zona do corpo que vai exercitar mais, podem ocorrer hipoglicemias (descidas de açúcar no sangue, com valores inferiores a 70 mg/dL). Nesse caso, convém tratar com açúcar e aconselhar-se com a equipa de saúde sobre os ajustes de insulina a realizar.

O risco de hipoglicemia pode ser diminuído com alguns cuidados simples. O mais importante é não estar demasiadas horas (habitualmente mais de 3h) sem comer no período diurno, comer uma ceia antes de se deitar, ajustar a dose de insulina rápida quando ingere refeições com menos hidratos de carbono (açúcares complexos) do que o habitual.

É também importante programar o exercício físico, ajustar a dose de insulina e verificar a glicemia antes de iniciar (deve ser acima de 100 mg/dL), repetir caso o exercício dure mais de 1h e não administrar insulina numa parte do corpo que vai exercitar logo de seguida (por exemplo, é de evitar administrar insulina na coxa e depois ir fazer uma corrida).

A dor é uma outra possível consequência, de modo que é possível adotar alguns cuidados para a minimizar no momento da injeção:

· Administrar a insulina à temperatura ambiente – tirar do frigorífico 15-20minutos antes da administração.
· Usar cada agulha apenas uma vez – de modo a evitar a perda de lubrificante da mesma e a sua deformação progressiva.
· Usar uma agulha de tamanho adequado – agulhas muito compridas podem resultar numa administração no músculo.

O uso de insulina é perfeitamente seguro. A ideia que muitas pessoas têm que a insulina causa complicações graves da diabetes é errada. Esta ideia errada resulta do facto de no passado ter-se utilizado a insulina numa fase muito tardia da diabetes tipo 2, em que a pessoa com diabetes já estava muito doente e já tinha complicações ou estava prestes a tê-las.

Hoje em dia utiliza-se a insulina mais cedo, para evitar precisamente a evolução da diabetes para uma fase mais complicada e também porque, com as novas canetas de insulina, é fácil e praticamente indolor administrar insulina.

Esta terapêutica é absolutamente essencial para o bem-estar, qualidade de vida e controlo da diabetes.