O que é a Insuficiência Cardíaca?
A insuficiência cardíaca corresponde a uma situação clínica na qual o coração perde a sua capacidade de bombear o sangue de modo a satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo.
O coração tem quatro cavidades através das quais bombeia o sangue. O sangue recém-oxigenado é bombeado dos pulmões para a aurícula esquerda, para o ventrículo esquerdo e para a aorta, circulando depois pelas artérias do resto do corpo. Após o oxigénio ter sido usado, o sangue retorna através das veias para a aurícula direita e para o ventrículo direito e daí para os pulmões para ser oxigenado novamente.
Quando o coração enfraquece ou quando se torna espesso e rígido, o músculo cardíaco não consegue assegurar a carga de trabalho que lhe é solicitada, surgindo a insuficiência cardíaca.
Pode resultar de diversas doenças ou pode ser um processo degenerativo associado à idade.



Qual a incidência de Insuficiência Cardíaca na população?
Trata-se de um problema comum e estima-se que, em Portugal, a insuficiência cardíaca afete cerca de 4,4% da população adulta. Para idades superiores a 80 anos, essa prevalência é de cerca de 16%.
É uma doença intimamente associada a outras altamente prevalentes como a diabetes e a obesidade e, por isso, a sua abordagem deve ocorrer num contexto de tratamento global do doente afetado.
Quais são as causas da Insuficiência Cardíaca?
Todas as doenças que atingem o coração ou a circulação sanguínea podem causar insuficiência cardíaca.
Uma das mais comuns é a doença das artérias coronárias. Estas artérias irrigam o próprio músculo cardíaco e, por isso, quando estão afetadas, esse músculo não consegue exercer a sua função de modo eficaz, podendo mesmo ocorrer um enfarte.
Outras causas são as miocardites (processos inflamatórios e/ou infeciosos do músculo cardíaco), a pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração), a diabetes, o hipertiroidismo ou a obesidade.
As alterações das válvulas cardíacas, as arritmias e a hipertensão arterial não controlada são também causas importantes de insuficiência cardíaca.
Qualquer doença que provoque um aumento marcado do consumo de oxigénio e de nutrientes pelo organismo vai exigir um esforço adicional da função cardíaca e, se não for tratada, pode originar o desenvolvimento de insuficiência cardíaca.
Tipos de insuficiência cardíaca
Existem diversas classificações para a insuficiência cardíaca, entre as quais:
· Sistólica e/ou diastólica
Sistólica: O coração perde força no lado esquerdo (ventrículo esquerdo) e não consegue bombear o sangue para a circulação, fala-se em insuficiência cardíaca sistólica ou insuficiência cardíaca do lado esquerdo. Quando isso ocorre, o coração fica dilatado e fraco.
Diastólica: O coração torna-se mais espesso e rígido e o ventrículo esquerdo não consegue encher o suficiente e o sangue não é bombeado para a circulação mesmo que a ação de bombeamento seja forte.
· Congestiva ou não congestiva
A insuficiência cardíaca congestiva é a incapacidade do músculo cardíaco para manter a circulação, levando a uma acumulação de sangue nas veias, e de líquido nos tecidos. Estes podem acumular-se nas pernas causando inchaço (edema), nos pulmões causando edema pulmonar, ou no abdómen, a chamada ascite.
· Aguda e/ou crónica
A insuficiência cardíaca aguda descompensada constitui uma emergência médica.
Fases de insuficiência cardíaca
Existem quatro fases (classes) da insuficiência cardíaca, usadas para classificar a gravidade dos sintomas, que representam uma progressão da fraqueza do músculo cardíaco.
A New York Heart Association (NYHA) coloca as fases da insuficiência cardíaca em quatro classes:
· Fase (ou classe) I: sem limitações na atividade. Atividades normais podem ser executadas.
· Fase (ou classe) II: limitações leves e sintomas leves com a atividade; sem sintomas em repouso
· Fase (ou classe) III: limitações visíveis na atividade; apenas confortável em repouso
· Fase (ou classe) IV: sintomas ocorrem em qualquer nível de atividade e desconfortável mesmo em repouso
Possíveis complicações da insuficiência cardíaca: estas incluem fadiga e fraqueza acentuadas, incapacidade de completar as atividades da vida diária, danos nos rins e insuficiência cardíaca progressiva que podem, em última análise, exigir transplante cardíaco.


