Um terço dos adultos portugueses é fisicamente inativo e não cumpre qualquer recomendação para a prática da atividade física, correndo por isso mais riscos de sofrer ou mesmo morrer de doenças como diabetes, depressão ou do foro cardiovascular.
São vários os motivos que levam a crescente afluência aos ginásios sendo eles, nomeadamente, questões de saúde e bem-estar bem como a cultura do corpo e a preocupação estética. Apesar da recente produção de conhecimento científico de qualidade na área da nutrição e do desporto, os praticantes de todos os níveis, desde aspirantes a profissionais, são hoje confundidos por uma grande profusão de informação de má qualidade. São muitos os pretensos especialistas que, muitas vezes a coberto de interesses comerciais, aconselham determinados produtos ou estratégias alimentares, sem base científica e com evidentes riscos a longo prazo para a saúde dos cidadãos.
A nutrição tem um papel fundamental no desempenho desportivo e na recuperação do indivíduo. Podem, no entanto, existir casos em que a suplementação seja uma mais-valia. O farmacêutico é o profissional de saúde que ocupa uma posição de excelência já que é o mais acessível para orientar na escolha adequada dos suplementos.
O farmacêutico deve avaliar:
* A quem se destina o produto * Porque é que o utente acha que precisa de tomar o produto * Se o utente tem sintomatologia que possa agravar-se com a toma do produto * Qual o regime alimentar que faz habitualmente * Medicação e/ou suplementação concomitante * Doenças preexistentes * Nível de actividade física * Se o utente é ou não fumador * Consumo de álcool.
É essencial salientar a importância de uma alimentação e hidratação adequadas e do uso apropriado dos suplementos alimentares para desportistas.
Hidratação
A água é o principal constituinte do corpo humano, totalizando cerca de 70% a 75% do músculo.
A hidratação é extremamente relevante durante a prática desportiva devido ao aumento da transpiração, sobretudo em exercícios como a caminhada, a corrida, a natação, o ciclismo, entre outros.
O desportista deve assegurar-se que a hidratação é feita ao longo de todo o dia, mas principalmente durante e após o exercício. Para se conseguir uma boa hidratação deve ser ingerido 1.5 vezes o valor perdido de água.
Sinais de desidratação:
* Aumento do ritmo cardíaco e redução da pressão arterial * Aumento acentuado da temperatura corporal * Comprometimento do desempenho mental * Dores de cabeça * Mal- estar generalizado * Respostas fisiológicas negativas ao exercício físico.
Para além da água, existem bebidas de hidratação que contêm eletrólitos e hidratos de carbono, especialmente importantes para quem treina durante um período superior a 60 minutos. As bebidas que contêm sódio e potássio ajudam a repor as perdas de eletrólitos através do suor. As cãibras musculares estão relacionadas com a desidratação, com o défice de eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e magnésio) e com a fadiga muscular e são mais frequentes em atletas que transpiram abundantemente e que experimentam perdas elevadas de sódio durante a sudação.
Deste modo, após o exercício, para ajudar na reposição de fluídos e de eletrólitos, devem ser consumidas bebidas de reidratação e incluídos alimentos salgados na refeição seguinte.
Refeições antes do exercício
Comer antes do exercício físico melhora o desempenho. Estas refeições devem ser leves, sendo que, refeições mais substanciais devem ser consumidas cerca de 3h antes.
Os alimentos a consumir antes do treino devem ser pobres em gorduras e fibras, para facilitar o esvaziamento gástrico e minimizar o desconforto gastrintestinal. Devem ser ricos em hidratos de carbono, para manter a glicémia e maximizar as reservas de glicogénio, e moderados em proteínas.
As orientações gerais recomendam:
2-4 g de hidratos de carbono/Kg de peso corporal
0.15-0.25 g de proteínas/Kg de peso corporal
3 a 4 horas antes do exercício
No caso da ingestão de hidratos de carbono, 1 a 2 horas antes do exercício, o rendimento máximo é mais rapidamente atingido se a refeição tiver um índice glicémico baixo.
Para além dos hidratos de carbono, o aporte de proteínas antes do exercício aumenta a disponibilidade de aminiácidos e diminui o catabolismo proteico induzido pelo exercício.
A ingestão de um pequeno snack com hidratos de carbono e proteínas é um óptimo exemplo de refeição antes da actividade física.
Refeições durante o exercício
A ingestão de hidratos de carbono durante o exercício parece ser uma estratégia eficaz para aumentar o desempenho físico, nomeadamente, logo após o início da actividade física, de forma a manter os níveis de glicose sanguínea e repor o glicogénio.
Assim, as bebidas isotónicas/hidratação são uma boa opção. Os hidratos de carbono devem disponibilizar essencialmente glicose. Existem no mercado misturas de glicose, frutose e outros açucares como as maltodextrinas, que parecem ser eficazes.
Para além dos hidratos de carbono, também devem ser consumidos produtos com proteína, uma vez que atenuam as lesões musculares associadas a esforços prolongados e exaustivos, para além de diminuírem a degradação proteica durante o exercício, proporcionando uma melhor adaptação ao treino.
Refeições pós-exercício
Após o exercício, é necessário reparar o tecido muscular, através da ingestão de proteína uma vez que:
* Fornece os aminoácidos necessários à reparação do tecido
* Atenua a lesão muscular
* Promove maior recuperação do glicogénio.
É igualmente importante que se ingiram hidratos de carbono para aumentar as reservas de glicogénio muscular. Também a ingestão de aminoácidos é importante, até 3 horas depois do esforço, pois promove um aumento da síntese proteica muscular, dando origem a alterações mínimas na degradação proteica.
Estimulação da síntese proteica muscular
Nas primeiras 3 horas após exercício: - 620g de aminoácidos essenciais; - 30-40 g de hidratos de carbono simples
A creatina, associada à combinação de hidratos de carbono e proteína, pode contribuir, mais ainda, para a manutenção de uma omposição corporal otimizada e consequentemente numa melhoria no resultado e desempenho físicos.
Micronutrientes – Vitaminas e minerais
As vitaminas e os minerais mais comuns e que são mais relevantes na dieta dos atletas são o cálcio e a vitamina D, o complexo de vitaminas B, o ferro, o zinco e o magnésio, assim como alguns antioxidantes, como as vitaminas C e E, o betacaroteno e o selénio.
Estes micronutrientes desempenham funções importantes, tais como: * Produção de energia * Síntese de hemoglobina * Manutenção óssea * Melhoria da função psicológica e imunológica * Metabolismo das proteínas e do glicogénio * Proteçao do organismo contra os radicais livres de oxigénio * Síntese e reparação do tecido muscular.
Poderá ser necessário um maior aporte de micronutrientes para responder ao aumento das necessidades de construção, reparação e manutenção da massa muscular isenta de gordura nos desportistas.
Alguns praticantes de desporto correm o risco de desnutrição em micronutrientes como por exemplo aqueles que restringem o consumo de energia ou que têm práticas extremas de perda de peso, eliminando um ou mais grupos alimentares da sua dieta, ou os que fazem regimes alimentares desequilibrados e pobres em micronutrientes. Nestas situações torna-se vantajoso tomar um suplemento vitamínico-mineral.
Se sente que se enquadra numa destas situações venha ter connosco!
Fontes: Boletim Cedime da Associação Nacional das Farmácias; Sítio na internet do Serviço nacional de Saúde.