Existe nos olhos uma membrana muito fina e transparente, que reveste a superfície da córnea e a parte interior das pálpebras, protegendo-os de substâncias estranhas. Acontece, no entanto, que por vezes esta membrana - de nome conjuntiva - se irrita ou inflama devido a uma reação alérgica ou à ação de um vírus ou de uma bactéria. Quando isto acontece, os vasos sanguíneos dos olhos alargam-se, tornam-se vermelhos, e surgem sintomas como comichão, lacrimejo e secreção. O problema, ao qual se dá o nome de conjuntivite, pode afetar os dois olhos em simultâneo e, embora não seja particularmente grave nem costume deixar sequelas, pode tornar-se bastante incómodo e dificultar as atividades habituais das pessoas afetadas.

Que tipos de Conjuntivite existem e quais as suas causas?

Existem três grandes formas de conjuntivite, distinguidas consoante a origem:

A Conjuntivite Alérgica é a mais comum das três, estimando-se que afete atualmente um terço da população portuguesa. Ocorre após a exposição a alergénios como pólenes (sendo, por isso, particularmente comum na primavera), pêlos de animais ou ácaros do pó da casa. Costuma afetar os dois olhos, mas não é contagiosa.

A Conjuntivite Infeciosa é transmitida por vírus, fungos ou bactérias que entram em contacto com os olhos e pode ser contagiosa, transmitindo-se através do contacto direto com pessoas afetadas, da partilha de toalhas de rosto e outros objetos de higiene ocular ou até mesmo da água da piscina.

A Conjuntivite Tóxica é causada pela exposição a fumo de cigarros, tintas para o cabelo, certos produtos de limpeza e outros agentes potencialmente tóxicos, assim como pela toma de certos medicamentos.

A conjuntivite bacteriana costuma provocar secreções mais espessas, amareladas e abundantes do que a conjuntivite viral (na qual as secreções são mais esbranquiçadas) ou alérgica (na qual as secreções são, na generalidade dos casos, claras).

Quando devo suspeitar de Conjuntivite Alérgica?

A conjuntivite alérgica constitui uma patologia ocular frequente e com potencial impacto na qualidade de vida do doente. Geralmente associada a queixas de rinite alérgica, a conjuntivite alérgica pode surgir de forma isolada.

São sintomas típicos da doença a comichão nos olhos, os olhos vermelhos, o lacrimejo, o inchaço e a dor ou desconforto locais (sensação de corpo estranho). Ainda relativamente aos sintomas estes podem variar desde ligeiros e sazonais até sintomas muito intensos e que persistem ao longo de todo o ano.

Portanto se os seus olhos costumam ficar vermelhos, doridos, com comichão ou lacrimejantes e se o contacto com o pó, os animais de estimação (ex. gato, cão), os pólenes ou outros alergénios lhe provocam comichão e lacrimejo nos olhos quer dizer que pode ter conjuntivite alérgica.

A conjuntivite viral é diferente da conjuntivite bacteriana no seguinte:

· A secreção tende a ser aquosa na conjuntivite viral e mais espessa, branca, verde ou amarela na conjuntivite bacteriana.
· A infecção do trato respiratório superior aumenta a probabilidade de uma causa viral.
· Um gânglio linfático em frente ao ouvido pode ficar inchado e dolorido nas conjuntivites virais, mas geralmente não acontece na conjuntivite bacteriana.

No entanto, esses fatores nem sempre diferenciam com exatidão a conjuntivite viral da conjuntivite bacteriana.

Como se manifesta a Conjuntivite?

Algumas conjuntivites ocorrem apenas de forma sazonal e outras fazem-se sentir durante todo o ano, por exemplo. Existem, contudo, sintomas que são comuns à generalidade dos casos:
· Olhos vermelhos e lacrimejantes;
· Pálpebras inchadas;
· Comichão ou ardência;
· Intolerância à luz;
· Sensação de areias nos olhos;
· Secreções.

Como se trata a Conjuntivite?

O tratamento para a conjuntivite depende largamente da sua causa, no entanto podem ser receitados colírios lubrificantes (como lágrimas artificiais), pomadas com antibiótico e anti-histamínicos para aliviar os sintomas.

· Para a secreção de conjuntivite bacteriana, fazer a lavagem das pálpebras e usar compressas húmidas e mornas para remover as secreções habitualmente duras e secas;

· No tratamento da infecção por conjuntivite bacteriana, usar colírios ou pomadas com antibióticos;

· Para conjuntivite viral grave, na qual a visão turva e a sensibilidade à luz interferem com importantes atividades diárias, o colírio de corticosteroides pode ser útil;

· Para diminuir os sintomas (inchaço e o desconforto) da conjuntivite viral, usar compressas frias;

· Recomenda-se o uso frequente de antissépticos para as mãos e outras precauções para evitar a disseminação da infecção.

Visto que as conjuntivites infecciosas (bacterianas ou virais) são muito contagiosas, é preciso utilizar antissépticos para as mãos antes e depois de limpar o olho ou de aplicar os medicamentos. E também é preciso evitar tocar no olho saudável depois de ter tocado no infectado. As toalhas e os panos utilizados para limpar o olho não devem ser misturados com outras toalhas e panos.

As pessoas com conjuntivite infecciosa devem permanecer em casa por alguns dias, sem ir ao trabalho ou à escola, como fariam se estivessem com gripe. Nos casos mais graves de conjuntivite viral, as pessoas podem mesmo ficar em casa durante semanas. Uma pessoa com conjuntivite não deve nadar em piscinas.

Se sofre de conjuntivite, deve ainda ter alguns cuidados específicos para não agravar ou propagar a infeção:
· Não use lentes de contacto;
· Troque as fronhas dos travesseiros e as toalhas de rosto diariamente;
· Evite a exposição direta à luz ou ao sol;
· Diminua a exposição a alérgenos ou outros agentes potencialmente irritantes (como o fumo do tabaco);
· Evite nadar em lagos ou piscinas.

Como se previne a Conjuntivite?

Embora não seja fácil prevenir a conjuntivite, algumas práticas básicas de higiene podem diminuir o risco de a contrair.
· Lave as mãos e o rosto com frequência;
· Evite esfregar ou coçar os olhos;
· Não partilhe toalhas de rosto;
· Não partilhe cosméticos para os olhos nem utilize os de outras pessoas.

Fontes:
- www.msdmanuals.com;
- www.saudecuf.pt